A Travessia da Serra dos Órgãos, também conhecida como Travessia do PARNASO (Parque Nacional da Serra dos Órgãos), é considerada por muitos uns dos trekkings mais lindos do Brasil. E realmente merece estar nesse hall da fama. Eu fiz essa travessia em agosto de 2019, juntamente com a minha esposa e nossa bebê Gabi, que completou 6 meses de vida no terceiro e ultimo dia da travessia. Fomos por conta própria, sem auxílio de guia e provavelmente a Gabi foi a criança mais nova a completar com sucesso essa travessia.
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Pelo fato de estarmos com a nossa filha, a Travessia do PARNASO demandou um planejamento profundo e também bastante atenção em todos os detalhes ao longo do percurso. Com isso, acumulei muita informação e aprendizados que irei compartilhar aqui nesse post.
A Travessia da Serra dos Órgãos em números
- Distancia total: De 28km a 38km, dependendo se você for nos Portais de Hércules, subir a Pedra do Sino e no final andar até a Portaria da sede de Teresópolis.
- Ganho de elevação total acumulado médio: Entre 1.955 a 2.300 metros.
- Altitude inicial: 1.100 metros (Portaria Petrópolis)
- Altitude máxima: Pedra do Sino, com 2.275 metros de altitude, é o ponto culminante do Parque Nacional da Serra dos Órgãos
Qual sentido escolher?
A grande maioria das pessoas faz no sentido Petrópolis x Teresópolis. O motivo principal disso é que passar pelos trechos de escalaminhada no sentido contrário é bem mais complicado.
Como fazer para chegar no ponto inicial da trilha e como voltar?
Se você estiver com carro próprio
Na minha opinião o ideal é contratar alguém para pegar o seu carro e levar para você até a portaria de Teresópolis no final da trilha. Alguns guarda-parques costumam fazer isso “informalmente”, mas você também pode contratar algum guia local ou uma agencia de turismo para fazer esse serviço. Deve ser combinado com antecedência e o valor para isso é normalmente R$150,00.
A logística ideal é ir com o seu carro até a portaria da Sede Petrópolis que fica no Bairro do Bonfim, em Corrêas, e deixar ele em um estacionamento particular que fica literalmente à 50 metros antes (Não existe estacionamento oficial nessa sede), o Sr. que mora nesse lugar ha uns 30 anos, cobra R$10,00 por dia. Ou combinar com a pessoa que fará o seu resgate para deixar o carro estacionado em Petrópolis em algum lugar seguro durante os 3 dias da travessia da Serra dos Órgãos.
A pessoa que fez esse serviço para mim foi o Matheus Fernandez, que também é guia na região. Foi ótimo. Whatsapp +55 24 99322-7315
Se você não estiver de carro
Taxi ou UBER
O mais simples é pegar um taxi ou um Uber até a portaria da sede Petrópolis, são mais ou menos 45 minutos do centro da cidade. Na volta você também poderá pedir um Uber para te buscar. Tem sinal de celular na local chamado de “barragem” ponto final da trilha. Para você ter uma referencia de custo, da portaria da sede de Teresópolis até o centro de Petrópolis um Uber custa +- R$85,00.
Ônibus
Ir de ônibus até o inicio da trilha e voltar de ônibus, também é possível, mas não recomendo pois é bem mais demorado, você terá que andar um pouco e sair bem mais cedo para poder iniciar a trilha em um horário bom, mas seria o seguinte:
Do Centro de Petrópolis, tomar um ônibus para o Terminal de Corrêas. De lá existem duas linhas que atendem ao Bonfim – a linha 611 (Bonfim) que tem ponto final a cerca de 1 Km da portaria e a linha 616 (Pinheiral) que chega mais perto, até a Escola Rural do Bonfim.
Para votar de Ônibus do final da trilha para algum lugar você terá que praticamente andar até a cidade de Teresópolis. A entrada do parque fica ao lado da ponte sobre o Rio Paquequer, na entrada da cidade, próximo ao Mirante do Soberbo e ao Portal da Cidade. São pelo menos 5km do local aonde termina a trilha (e que chega carro) até a portaria e de lá mais alguns quilômetros até a rodoviária ou algum ponto de ônibus.
Veja o vídeo que fizemos da Travessia da Serra dos Órgãos
A navegação na Travessia da Serra da Serra dos Órgãos, não é simples e exige experiência e atenção.
- Existem marcações com setas amarelas (ida) e brancas (volta) e totens de pedra
- A dificuldade está no clima, pois é muito comum ter névoa e isso dificulta enxergar as marcações de longe e alguns trechos são bem perigosos se você tentar descer pelo lugar errado.
- Existem muitos totens indicando caminhos alternativos que confundem e te tiram da trilha principal
- Usar um GPS e seguir uma marcação de alguém confiável é essencial, mas mesmo assim é comum você em alguns trechos errar e desviar um pouco, pois a precisão dos GPS as vezes não percebe alguns metros de diferença. Então sempre fique atento se você está de fato na trilha correta. Se você chegar em algum local perigoso demais as vezes você está ha poucos metros fora da trilha principal e não percebeu.
Totens de marcação
Essa é a minha marcação da trilha pelo APP Wikiloc
Como reservar a Travessia da Serra dos Órgãos
Entre no site do ICMBIO – PARNASO e leia todas as informações que sempre são bem úteis. Em teoria é possível comprar tudo diretamente nas portarias do Parque, conforme a tabela abaixo.
Mas se você for fazer a Travessia da Serra dos Órgãos ou for ficar (nem que seja apenas uma noite) em um dos abrigos e não fizer a travessia completa é quase impossível você conseguir vaga para finais de semana sem reservar com antecedência.
A venda de ingressos antecipados é feita através do site www.parnaso.tur.br. Nesse endereço também é possível fazer as reservas para as trilhas de montanha, campings e abrigos de montanha.
Com guia ou sem guia?
Com guia, com certeza, a não ser que você seja realmente experiente em trilhas mais técnicas e tenha pelo menos conhecimento básico em escalada e equipamentos de segurança. O ICMBIO recomenda também fortemente o uso de guia ou um condutor e exige a assinatura de um Termo de conhecimento de Riscos e Normas. Você também deve no final avisar na Portaria de Teresópolis a sua chegada.
Caso você opte ir sem guia um dos membros do grupo deverá se responsabilizar por conhecer o caminho e as regras de uso público do parque
Recomendações de Guias e condutores
- Lista do ICMBIO PARNASO para Travessia da Serra dos Órgãos
- Matheus Fernandes (guia que e fez o serviço de nos buscar com o nosso carro). Instagram: matheus_fernandes_por_ai
Qual a melhor época para fazer a Travessia da Serra dos Órgãos?
A melhor época para fazer a Travessia da Serra dos Órgãos é durante a temporada de montanha que vai de abril a setembro. Período em que chove menos. Fazer a travessia na chuva e com raios não é nada recomendável. Super perigoso escorregar e a chance de tomar um raio na cabeça é real. Sem falar que vira um perrengue desnecessário.
Mas mesmo assim, confira antes a previsão do tempo e se por acaso ela não for favorável eu recomendo cancelar e remarcar (verifique as condições de cancelamento do PARNASO, o dinheiro da reserva não é devolvido integralmente) pois fazer a travessia com tempo bom torna essa experiência muito mais memorável por conta dos visuais da serra que com o céu limpo fica realmente surpreendente.
Previsão do tempo
Temperatura
Apesar de ser possível ver o mar e a cidade do Rio de Janeiro durante a travessia, faz bastante frio no inverno. É comum se aproximar de 0° durante a madrugada. Dentro dos abrigos a temperatura gira entre 8° a 12°. A madeira, fogões e calor humano fazem diferença.
Dificuldade da Travessia da Serra dos Órgãos
Existem 2 critérios de dificuldade: físico e técnico. Claro que é relativo e depende de um trilhão de fatores que influenciam nisso, como o clima por exemplo e a experiência de cada um, mas usando com referencia uma pessoa de condição física e experiencia mediana, eu consideraria uma travessia DIFÍCIL.
Existem 3 trechos técnicos famosos que são:
O Elevador
- Uma parede de rocha com via ferrata (escada feita com barras de aço cravada na rocha) em +- uns 100 metros de comprimento.
- Tem uma inclinação de uns 70° (não é reta) e vai serpenteando a parede.
- Em alguns trechos é preciso usar a vegetação para alcançar os próximos degraus pois eles não são muito bem posicionados.
- Não possui nenhum sistema de cabeamento lateral para usar equipamento de segurança.
- Normalmente é úmido e um pouco escorregadio pois não bate muito sol na rocha.
- Se você estiver com uma mochila muito pesada (que foi o nosso caso), fica mais puxado fisicamente.
Com essa descrição pode parecer muito complicado, mas não é. Vai depender da sua “cabeça”. A subida é rápida e não dura mais que 15 minutos. Pelo fato de não ser uma parede de 90° não assusta tanto a altura, não é exposto. Se você esquecer a altura e ir subindo, será apenas um belo exercício. Mas, sim é um trecho que muitas pessoas, travam e passam um certo aperto “mental”.
O Tobogã
Descida de Rapel com a Gabi
É uma descida de uns 6 metros de rocha, sem muitos pontos de apoio que fica a poucos minutos antes do “Cavalinho”. Para quem é mais habilidoso em escalada consegue descer tranqüilamente sem usar corda, mas eu recomendo usar uma. Segurança nunca é demais.
Existem dois pontos com grampos para fazer uma ancoragem de rapel e fazendo isso fica seguro e tranquilo descer.
Como nós fizemos
Eu levei uma corda de 12 metros e desci a Marcela primeiro. Ela foi escalando para baixo, presa na corda, enquanto eu fazia a sua segurança usando cadeirinha e freio ATC. Depois, desci as mochilas pela corda para ela pegar e montei um rapel (passando a corda dupla no 8 para poder recolher ela lá de baixo) com a Gabi, minha filha nas costas. Foi demorado, mas muito seguro.
O Cavalinho
- Esse é o famoso e mais temido trecho da Travessia da Serra dos Órgãos, em que você precisa fazer um movimento de “montar” na rocha para passar.
- Tecnicamente chamaria de uma escalada nível 3sup. O que significa já ser mais do que uma “escalaminhada”, mas é uma escalada bem fácil. A dificuldade está na exposição a altura e do visual do precipício ao lado. E que se você cair fazendo alguma cagada a chance de ser bem sério é grande.
- Tem que usar corda pois assim vira apenas um desafio divertido e tornar a trilha ainda mais especial.
- Mas é claro que alguém terá que subir ser a proteção da corda e montar a segurança para o resto do grupo.
Como nós fizemos:
Içando a Mochila
Deixei a mochila com a Gabi na Base e subi com a Mochila da Marcela até o local que precisava escalar de fato. Escalei levando a corda, passei ela no grampo, prendendo no freio da minha cadeirinha e joguei para a Marcela. Primeiro icei o mochilão e depois prendemos a corda no Kid Carrier da Gabi, com ela bem presa e fui puxando lentamente, enquanto a Má ia alinhando e posicionando a direção. E depois a Má subiu presa na corda enquanto eu fazia a sua segurança.
Hidratação durante a Travessia da Serra dos Órgãos
- Existem vários pontos de água durante a trilha então não é preciso levar muita água e ficar pesado.
- Eu levava sempre 2 litros para não precisar ficar parando toda hora.
- A água é potável, mas recomento levar algum sistema para purificar, como hidrosteril ou Clorin para o caso de ser preciso abastecer em algum local com água parada.
Os abrigos de montanha da Travessia da Serra dos Órgãos
É permitido pernoitar em apenas 2 locais, durante a travessia, o Abrigo Açu e o Abrigo 4.
Abrigo Açu
Ele é o mais recente construído no PARNASO. Fica localizado a 2.150 metros de altitude, ao lado do Morro do Açu e a as rochas “Castelos de Açu”. É todo de madeira, e tem capacidade para 30 visitantes (12 beliches e 18 bivaque no mezanino).
A área de camping fica próxima, seguindo uns 10 metros a trilha que segue para o Sino.
Espaço de convivência Área do bivaque
Abrigo 4 (Pedra do Sino)
Tem esse nome pois era o 4° abrigo para quem subia pela portaria de Teresópolis. Existiam antigamente 2 abrigos em cavernas (o 1° e 2°) e um que foi construído em alvenaria que já esta em ruínas (o abrigo 3).
Localizado na base da Pedra do Sino, a cerca de 2.200m de altitude. Também com capacidade para 30 visitantes (12 beliches e 18 bivaques) e também possui uma área de camping. A diferença é que a área de camping é exatamente na frente e nos fundos do abrigo, enquanto no Açu é espalhada nos arredores.
Áreas de camping durante a Travessia da Serra dos Órgãos
Junto aos abrigos existem áreas de camping com capacidade para 70 pessoas.
Área atras do Abrigo 4 Área na frente do Abrigo 4
O parque oferece serviço de aluguel de barraca então o montanhista pode trazer a própria barraca ou alugar. Nesse caso o guarda-parque monta e desmonta para você a barraca alugada. Para quem esta no camping os Abrigos oferecem banheiros externos e uma bancada com pia, detergente e bucha. É junto com a estrutura dos abrigos mas a entrada é por fora.
Quem esta acampado não pode usar a estrutura de cozinha e banheiro interno.
Camas ou Bivaque?
Nos dois Abrigos existem 12 beliches e um mezanino com espaço para 18 pessoas dormirem em esquema “bivaque”. Bivaque, significa dormir direto no chão de madeira com o seu saco de dormir e algum isolante por baixo (Colchonete, EVA, inflável ou auto-inflável). Inclusive existem pequenos colchonetes que o guarda-parque do abrigo oferece sem custo, caso você tenha esquecido mas eles são bem finos. O mais econômico é o bivaque.
Os colchões dos beliches são bons mas não tem roupa de cama e nem travesseiro.
Energia elétrica nos abrigos
Os dois abrigos possuem energia elétrica, abastecida por painéis solares e dois banheiros com chuveiro elétrico. Porém a energia serve apenas para a iluminação do abrigo (não existe tomadas para carregar aparelhos eletrônicos) e em teoria para o chuveiro elétrico.
Banho nos Abrigos
Em teoria eu digo, pois no ano de 2019 em que estive lá, descobri que não era mais oferecido o banho quente. O motivo pelo que disseram foi que deu confusão entre os banhos comprados previamente pelo site com os vendidos irregularmente na hora pelos guarda-parques e assim algumas pessoas que já tinham pago ficavam sem banho pois acabava a energia. A solução foi acabar com o banho quente! De qualquer forma os banheiros são bons e mesmo tomando um banho gelado, já considero ótimo ter essa possibilidade.
Cozinha e espaço para comer
A cozinha eu achei o ponto alto do abrigo. Possui 4 ótimos fogões a gás (com 2 bocas cada), pratos, talheres, copos e utensílios para tudo, inclusive filtro de café de pano. Isso significa uma baita economia de peso.
Apesar de escutar alguns relatos de casos de faltar gás nos fogões em épocas de alta temporada, conversando com as pessoas de lá me pareceu ser algo bem atípico, pois inclusive o guarda parque que mora no abrigo depende desse gás.
O que levar na Travessia da Serra dos Órgãos?
Equipamentos de segurança para os trechos técnicos
Esse também é um assunto que cada um tem a sua opinião e quanto mais prudente você for, mais próximo do zero estará o risco, mas mais pesada será a mochila. Mas a minha sugestão será ir com a configuração Prudente e Seguro básica, que nada mais é do que levar um kit básico de escalada. Além de passar pelos trechos sem estresse, também estará preparado para qualquer imprevisto ou salvamento que possa acontecer.
- Corda de 12 a 15 metros
- 1 cadeirinha de escalada por pessoa (é possível também, para quem não for guiar as subidas, usar uma fita de 1,2m e fazer uma segurança peitoral (mas saiba fazer isso). Muitos guias levam era configuração para seus clientes, pois é bem mais leve que uma cadeirinha e menos volumoso)
- 1 mosquetão por pessoa
- 1 freio ATC
- 1 freio oito
Roupas
- 1 Anorak (para vento e chuva)
- 1 calça para trilha (calça que vira bermuda é uma boa)
- 3 camisetas para trilha (eu prefiro manga comprida para proteger do sol)
- 1 calça para a noite
- 3 pares de meias de trekking (você pode diminuir isso se quiser encarar repetir o chulé)
- 1 meia de lã para dormir
- Bota de trekking
- Sandália/papete/pantufa para o acampamento
- 1 camiseta segunda pele para frio
- 1 Fleece grosso ou 1 jaqueta de pluma
- Gorro e luva
- Boné
- Roupa íntima
Higiene Pessoal (fica a critério de cada um, mas isso foi o que levei)
- Mini Pasta de dente e escova
- Sabonete e Shampoo bio degradável (considerando que você se anime no banho frio, se não use os famosos lenços humedecidos)
- Desodorante
- Toalha compacta seca rápido (eu uso uma da Sea to Summit)
- Papel higiênico tem no abrigo, mas sempre temos um conosco
Kit Primeiro socorros
- Anti-Alérgico
- Pomada Anti-fungos
- Antibiótico
- Pomada tipo nebacetim
- Esparadrapos
- Gase
- Luva cirúrgica
- Anti inflamatório
- Ibuprofeno
Itens gerais
- Mochila Cargueira (o tamanho depende, mas acredito que pelo menos 50 L seja necessário
- Isolante térmico e ou colchão inflável leve
- Slepping bag para comforto de 0 a 5°
- Travesseiro de camping inflável
- Lanterna de cabeça + pilhas extras (Existe sempre a chance de ser necessário caminhar a noite, então é um item importante)
- Canivete ou faca.
- Óculos de sol
- Cobertor de emergência
- Pederneira (não é permitido fazer fogo no parque, mas sempre levo comigo por questões de segurança.)
- Barraca caso escolha ir assim
Comidas
São 3 lanches de trilha, 2 almoços (considerando que no ultimo dia você já almoce de cidade), 2 cafés da manha e 2 jantares. Esse é um assunto também relativo e cada um tem o seu gosto, mas vou contar o que levamos.
- Utensílios de cozinha (fogareiro, panelas e combustível caso você acampe. Lembre que se você escolher acampar nao poderá usar a cozinha do Abrigo, apenas a área externa que tem pia mas não tem fogão)
Café da manhã (2 vezes)
- Mini pão sírio (2 sacos com 6 cada)
- Pasta de amendoim
- Leite em pó
- Café em pó (café solúvel também é uma ótima pois não depende de nada para fazer)
Almoço / Lanche de Trilha (3 vezes)
- Snack de fruta Liofinizada
- Patê de atum pronto da Gomes da Costa,
- 1 Pão mini-baguete por pessoa por dia
- Gel de carboidrato e cafeína, ajudam bastante para dar energia >D essa vez colocamos Eletrolítico em pó na nossa água, serve para repor os sais minerais e garantir hidratação. Foi uma ótima escolha, principalmente para a Má que está amamentando e fica mais cansada e com chances grandes de desidratar pelo alto gasto energético que a lactação tem
Jantar (2 vezes)
- Para esse trekking escolhemos levar para o jantar comida liofilizada para ficar o mais leve possível. levei alguns pacotes da Liofoods. Acho uma ótima relação: Sabor x peso x praticidade. O único porem é que o custo por refeição não sai tão barato, por isso que só escolho esse formato quando preciso mesmo aliviar peso.
- Levamos também sopa em pó
- Um chocolate de sobremesa sempre cai bem, levamos, mas claro que não é indispensável
Dia a Dia da Travessia da Serra dos Órgãos
Obs: A marcação das distancias são controversas e relativas. Pelo que percebi cada GPS marca de um jeito com variações bem grandes entre eles. Então se atente mais ao tempo de duração do que na quilometragem.
1° Dia – Portaria Sede Petropólis para Abrigo Açu
- Minha marcação de distancia 9km (A distância dita no pelo ICMBIO é de 8km)
- Nossa duração: 5h50
A trilha começa a 1.100 metros de altitude e vai a 2.200 esse dia. Considerando algumas curtas descidas, esse dia é praticamente só subida. Com um total acumulado de +- 1.200 metros. Isso é bastante e o ideal é começar a trilha até às 10:00 da manha no máximo para conseguir chegar no Abrigo Açu sem pressa antes do por do Sol.
Existem alguns pontos de água ao longo da trilha, mas não deixe de abastecer no “Ajax”, local aonde começa a subida chamada de “Isabeloca” (fazendo referencia a suposta subida que a Princesa Isabel fez no lombo de mulas por esse local), pois esse será o trecho mais puxado e dai para frente o próximo ponto de água é apenas no Abrigo Açu.
A navegação desse primeiro dia é bem fácil, e até chegar na subida da Isabeloca é praticamente todo na sombra da mata. No final dessa subida existe uma placa apontando a direção do Açu. Esse é um ótimo lugar para um lanche e descansar um pouco. Com o tempo aberto é possível ver toda a baia do Rio de Janeiro
Nesse dia, após chegar no Abrigo, todos sobem o Morro do Açu, também conhecido como Pico do cruzeiro (pois possui uma cruz no topo) para curtir o por do Sol. Vale muito a pena mesmo se você estiver cansado pois é uma subida curta de poucos metros.
2° Dia – Abrigo Açu para o Abrigo 4 (Pedra do Sino)
- Minha marcação de distancia 10,5km (Marcação do ICMBIO é de 9Km)
- Duração total: 7h20
Esse foi o dia mais puxado na minha opinião e na da Marcela. É um sobe e desce sem fim, pela crista da Serra dos Órgãos, passando por campos de altitude e platôs rochosos. É o dia mais difícil em navegação também e é comum se perder da trilha quando tem muita neblina. Fique atento com as setas no piso e os totens de pedra.
Após uns 40 minutos de trilha, no Morro do Marco, existe a possibilidade de fazer um desvio para visitar os Portais de Hércules,
Portais de Hércules
Considerado um dos locais com o visual mais lindo da Serra dos Órgãos. Esse desvio vai te tomar pelo menos 1h30 ida e volta, com uma boa descida e consequentemente uma boa subida (já que você deve voltar para a trilha inicial). Normalmente as pessoas escondem o mochilão na trilha para fazer o percurso dos portais sem peso, se fizer isso preste atenção aonde colocou. Existiu o caso de uma pessoa que esqueceu aonde tinha deixado e ele só foi encontrado 3 anos depois. Fique atento com o tempo, saia cedo do Açú se quiser visitar os Portais de Hércules.
O sobe e desce continua até chegar no primeiro trecho técnico o Elevador. Passamos por ele bem, mas fisicamente devido ao peso que carregávamos e o equilíbrio necessário nas escadas, foi o trecho mais difícil.
Depois tem ainda duas subidas, a do Morro do Dinossauro, com um visual animal da Pedra do Sino, o Vale das Antas e a Pedra do Garrafão. E a subida ao Dorso da Baleia, de frente para a Pedra do Sino, que já da para ver de longe a subida do cavalinho na lateral esquerda da Pedra do Sino.
Mas antes é preciso descer o trecho conhecido como Tobogã ou escorregador, que é recomendado usar corda também, apesar de não ser nada assustador. É uma descida uma parede de rochas de uns 5 a 6 metros não muito alta, mas que se cair pode se machucar feio, então recomendo sim usar uma corda.
Chegando no “cavalinho”
Demoramos um tempo razoável para passar esse trecho pois montei todo o aparato de escalada para descer na segurança máxima com a Gabi. Logo em seguida chegamos no trecho do Cavalinho. Novamente fizemos toda a logística necessária para passar em segurança os 3.
Estávamos tensos também com o horário pois já estava perto do pôr do sol, mas tínhamos passado bem e eu já estava terminando de guardar todos os equipamentos para poder seguir e provavelmente daria para chegar no limite da luz do dia no Abrigo 4.
E foi quando de repente, chegou um casal sem nenhum equipamento de segurança, perguntando como subir. Vendo aquela situação eu resolvi montar a corda novamente e ajudá-los na segurança.
O “coice” do Cavalinho
Após todos vencerem o Cavalinho, seguimos juntos pela trilha e logo depois chegou o tal “coice do Cavalinho”, um trecho que não é muito falado, mas que também dá uma enroscada para subir com as mochilas pesadas. É mais uma pequena escalaminhada levemente exposta e estreita. O rapaz que eu ajudei a subir foi gentil e trocou de mochila com a Marcela, para ela fazer esse trecho com mais facilidade, já que a dela estava bem maior! rsss
Com isso perdemos uns 30 minutos, o que foi o suficiente para ser necessário caminhar o ultimo 1,5km no escuro usando as lanternas de cabeça. Mas não foi nada de mais pois já havíamos passado o mais difícil e naquele momento seria só seguir uma trilha simples.
Chegamos no Abrigo 4 perto das 19:00 e fomos recebidos com sorrisos pelos os amigos que fizemos na noite anterior no Abrigo Açu. Todos estavam apreensivos e ansiosos com a chegada da Gabi :).
3° Dia – Abrigo 4 para a Portaria Sede Teresópolis
- Distancia distancia até a “barragem” foi de 11km ( Mesma do ICMBIO)
- Duração: 4h10
O ultimo dia é bem fácil e simples. É uma longa descida em zig-zag em uma trilha larga e no meio da mata. Tem alguns pontos com um visual lindo da cidade e no caminho existe a cachoeira Véu da Noiva de Teresópolis, com 16 metros de queda, mas estava sem água alguma.
Trocando a Gabi Marcela amamentando na trilha
A Travessia da Serra dos Órgãos termina no local chamado de Barragem. É um lugar de picnic, aonde é possível chegar de carro. Por tanto, se você não combinou com ninguém de fazer o resgate ai, então é preciso caminhar mais 5-6km até a portaria do Parque, na beira da rodovia.
Nesse trajeto entre a barragem e a portaria de Teresópolis (dentro do parque), vimos diversas trilhas pequenas que podem ser feitas em algumas horas, ideais para quem quer só passear por lá sem grandes desafios, ou está iniciando a vida outdoor. Nesse mesmo trajeto, vimos 2 áreas de camping, então é possível ficar acampado lá e escolher essas trilhas leves para o dia.
2 respostas para “Tudo o que você precisa saber sobre a Travessia da Serra dos Órgãos”
Muito maneiro seu relato. Também curti pela primeira vez em 2019… Julho. Pude me transportar pra lá em algu.s instantes com o seu relato. Tudo de bom para as mulheres da sua vida e que O Grande Criador, te guarde e abençoe, da mesma forma que a família.
Ola Eduardo, que bacana ler isso. Obrigado pela mensagem e tudo de bom para vocês também!
Abs!