Você já ouviu falar no trekking Villarrica Traverse? Pois é, a gente também não conhecia, até durante a nossa viagem de carro para a Patagonia, decidirmos procurar outra alternativa de trekking para fazer após cancelarmos algumas travessias por causa do meu tempo. Ficamos sabendo que o clima em Pucon estava melhor e pesquisando sobre as opções por lá achamos o Villarrica Traverse. Seguimos para Pucon e resolvemos encima da hora fazer essa travessia. Sem muita expectativa e sem saber ao certo como ela seria, ficamos maravilhados com o que encontramos. Uma das travessias mais linda que já fizemos!
Pucon já pode ser considerada a cidade mais famosa da Patagônia Chilena para ecoturismo e prática de esportes radicais, recebendo muitos turistas, principalmente no Verão. E um dos protagonistas principais de todo esse sucesso é o imponente Vulcão Villarrica com 2.847 metros de altura, que se destaca na paisagem com seu formato cônico, cume sempre nevado e pode ser visto de qualquer lugar que você esteja. Esse vulcão está dentro da área do Parque Nacional Villarrica, uma grande reserva protegida, que compõem outros vulcões como o Quetrupillán, o extrato vulcão Quinquilil e vai até a divisa com a Argentina aonde está o Vulcão Lanin.
Púcon é muito visitado para quem quer fazer rafting, mountain bike, esportes de vela no lago, trekking, esquiar no inverno e principalmente quem pretende escalar o Vulcão Villarrica e ter a experiência de ver de perto a cratera de um vulcão em atividade.
Mas apesar de todo esse potencial e fama, inexplicavelmente pouco é falado sobre o Villarrica Traverse, um trekking de travessia que cruza todo o Parque Nacional Villarrica e que para mim entra para o “hall da fama” das travessias mais lindas da América do Sul. Para vocês terem um idéia, em pleno verão patagônico, no período de alta temporada para trekking, encontramos apenas 6 pessoas fazendo essa travessia.
O trekking Villarrica Traverse
O Villarrica Traverse, eu considero que na verdade são dois trekkings independentes, somando 81km. Ele é dividido em duas partes que pode ser percorrido em um total de 7 a 8 dias (ou bem mais se você optar em fazer o cume de todos os vulcões pelo caminho), mas não existe necessidade de fazer as duas etapas seguidas, pois eles são conectados por um longo trecho de estrada (por volta de 8 a 10 km) que na minha opinião, não faz sentido percorrer caminhando.
Então, a minha sugestão é: se tiver que escolher um trecho, escolha a segunda parte. É muito mais interessante e com as paisagens mais variadas. A Laguna Azul e a Las Avutardas são locais de acampamentos maravilhosos.
Caso tenha tempo e queira fazer os dois trechos do trekkings, uma ótima opção é terminar a primeira parte, voltar para Púcon, dormir em um hostel ou hotel, para tomar um belo banho, recuperar as energias, e comprar os insumos para a segunda parte (assim você não precisa carregar todo esse peso de 8 dias de comida de uma vez só) e quando achar melhor, voltar para iniciar o segundo trecho. Mas claro, se você estive com sangue nos olhos, vá de uma vez só!
Nós fizemos apenas o segundo trecho do Villarrica Traverse, e percorremos esses 54km em 4 dias e não em 3 como normalmente as pessoas fazem. E eu vou contar em detalhes como foi.
A travessia Villarrica Traverse é muito bem marcada em todo percurso. O uso de GPS não é essencial, mas acho sempre recomendável. Em alguns casos me ajudou a confirmar que eu estava no caminho certo e me deixou mais seguro.
O mapa fornecido pelo CONAF também é muito bom, mas eu recomendo comprar um mapa mais detalhado na cidade de Púcon em um loja chamada Travel Aid. Lá vende mapas de todos os lugares e trilhas do Chile. Existe um ótimo mapa: Villarrica Traverse Pucón – Volcanes Villarrica y Quetrupillán
Locais de pernoite no Villarrica Traverse
Não existe infra-estrutura alguma durante o Villarrica Traverse. Nada, e isso no meu ponto de vista é um dos diferenciais que torna essa travessia uma verdadeira imersão na natureza.
É permitido acampar em qualquer lugar, porém existem alguns locais que são mais recomendados e indicados no mapa, por estarem próximos de pontos de água, em uma distância boa para a logística de caminhada do dia e terem um bela área para montar as barracas. São os locais aonde praticamente todos acampam, como: Laguna Azul, Laguna Avutarda.
No ponto inicial e final da trilha também existe área própria para camping
Custos
- Valor de entrada no Parque Nacional Villarrica é de 7.000 pesos para estrangeiros (quando fomos, era em torno de R$)
- Nao é cobrado para acampar.
Água
- Mantenha sempre de 2 a 3 litros com você. E se informe no CONAF como está a situação dos pontos de água ao longo da trilha. Inclusive peça para eles marcarem no seu mapa a localização estimada de cada um. Ajuda muito.
- Leve purificador de água. Em períodos mais secos alguns pequenos córregos para pontos de água podem estar com água parada e as vezes será necessário abastecer nele.
- Nos locais indicados para acampar sempre tem uma fonte boa de água.
- Alguns pontos de água são abastecidos pelas geleiras, que são águas sem sais minerais, então levar eletrolítico para adicionar na água ajuda bem na hidratação.
Logística de transporte para início e final da trilha Villarrica Traverse
Chegar no início da primeira parte é relativamente fácil, pois é a estação de esqui do Vulcão Villarrica é rota principal de turismo de Púcon. Então você pode tentar uma carona na saída da cidade ou agendar um transfer com qualquer a agência.
Para chegar no ponto inicial da segunda parte o Sector Quetrupillan do CONAF é um pouco mais difícil. São por volta de 1 hora de Púcon e os últimos quilómetros dependendo das condições do momento exige carro 4×4. Então carona é bem difícil conseguir. A opção é contratar o transfer de uma agência mesmo.
Para a volta, é possível tentar uma carona na estrada, pegar um ônibus em Puesco ou já deixar agendado um resgate com algum taxi ou agencia de turismo.
Se você estiver de carro próprio, sugiro fazer como nós: contratamos um guia local de confiança (primo de um grande amigo meu do Brasil) e ele foi com a gente até o ponto inicial da trilha, voltou dirigindo o nosso carro e estacionou na sede do CONAF de Puesco, que fica a +- 4km do final da travessia, mas que é um lugar seguro para o deixar o veículo parado por alguns dias.
Segue whatsApp dele: Nicolas Kapstein +56 9 81502759
Dicas e o que levar
- Vá de calça, principalmente no primeiro dia da segunda parte da Travessia, pois a trilha é repleta de carrapichos. Nos dias mais quentes é muito comum a presença de Mutucas (chamado pelos locais de Tábanos) e a calça também protege um pouco mais.
- A trilha é muito exposta ao sol então óculos, protetor solar e chapéu são essenciais.
- No verão, saco de dormir para temperatura conforto de 5 a 0 grau é o suficiente. Peguei 5 graus de mínima apenas.
Quando fazer o Villarrica Traverse?
De dezembro a março é o verão na Patagonia, a melhor época para trekking e período também de menos chuva. Tudo fica florido e as temperaturas são bem amenas em Pucon. Porém é possível e permitido fazer o Villarrica Traverse em qualquer época do ano. No inverno é necessário levar grampões e Piolet pois uma grande parte fica coberta de neve e gelo.
Villarrica Traverse – segunda parte | diário de bordo
Primeiro dia 11/02/2020 | Portaria Sector Quetrupillan – Rio Palgulil
- Distância: 15,80km
- Duração: 7h45
- Ganho de elevação: 1.020m
- Elevação máxima: 1.722m
Saímos da nossa cabana em Púcon por volta das 10h00 e marcamos o ponto de encontro com o Nicolas em um Posto BR no caminho. Colocamos a bike dele no teto (pois ele iria voltar pedalando de Puesco, local que deixaria nosso carro) e seguimos em direção a portaria do Parque Nacional de Villarrica, sector Quetrupillan. Levamos um pouco mais de uma hora para chegar, fizemos o registro de entrada no parque e tivemos a surpresa que a Gabi seria a criança mais nova a fazer o Villarrica atraverse. Ela tinha acabado de completar 1 ano, 2 dias antes.
O guarda parque nos deu dicas valiosas, sobre os pontos de água, locais de acampamento, duração da caminhada em cada trecho e sobre os terríveis “tábanos” que são como as nossas mutucas, que pelo o que ele disse, estavam infernizando na trilha!
Conseguimos iniciar a caminhada por volta das 12h00 e considerando que a duração prevista do trekking para esse dia era de 12hs e 22km de distância, já sabíamos que teríamos que montar acampamento em algum local antes da Laguna Azul. Que no meu planejamento seria próximo aonde a trilha cruza o rio Palgulil. Estávamos bem pesados, o kid carrier da Gabi pesava uns 18kg e a mochila cargueira 35kg! O que deixaria a gente ainda mais lentos.
As primeiras horas são uma longa subida entre a sombra de uma floresta de araucárias, muito florida, com bastante abelhas e um pouco dos Tábanos, que diferentemente do que o guarda-parque havia nos dito, não estavam “ainda” tão vorazes assim. A araucárias são lindas e ficam com o tronco coberto de musgo de apenas um lado, da onde provavelmente vem a umidade, e de alguns trechos é possível ver o Vulcão Villarrica por entre as árvores.
Vulcão Villarrica Vulcão Quetrupillan
Em certa cota de nível a trilha atinge a linha desértica da área vulcânica e fica mais exposta ao vento e sol. Paramos para um lanche no pico do Serro Los Pinos, o ponto mais alto desse dia com 1.722 metros de altura. A Gabi mamou, brincou um pouco com a pedras vulcânicas e seguimos. Dai para frente é um sobe e desce pela crista da serra, sempre com o visual do Vulcão Quetrupillan a nossa frente e o Villarrica atrás.
Desde o bosque das Araucárias até o rio Palgulil é um longo trecho sem pontos de água e tivemos que racionar, pois fizemos a cagada de não abastecer no último que passou. A Má é lactante e não pode desidratar se não fica sem leite para a Gabi, então priorizei ela beber mais água. Como eu sei que ela não iria deixar eu ficar sem beber, sempre que parávamos para dar uma goles eu dizia que não estava com sede!
Então depois de 8 horas quando chegamos no rio Palgulil apesar de ter umas 2 horas ainda de luz de dia, resolvemos acampar por ali mesmo, e descansar. Foi uma sábia decisão. O lugar era ótimo para montar nossa barraca, estávamos sozinhos e dai para frente teria uma longa subida até o próximo bom local para acampar.
Segundo dia 12/02/2020 | Rio Palgulil – Laguna Azul
- Distância: 7,80km
- Duração: 4h
- Ganho de elevação: 455m
- Elevação máxima: 1.904m
Acordamos nesse dia e chovia muito. Impossível sair da barraca e caminhar assim. Com a Gabi então era impensável. Ficamos a manha toda dentro da barraca e o meu plano de escalar o vulcão Quetrupillan nesse dia, foi literalmente por água a baixo. Começamos a caminhar às 12:30 com o objetivo de chegar até a Laguna Azul e lá decidir se acampávamos ou seguimos um pouco mais, até a Laguna Blanca.
Foi uma caminhada linda, com vários pontos de água de degelo que descia pelas ravinas do Vulcão Quetrupillan. O tempo todo caminhando sobre as rochas vulcânicas em um tipo de estepe e com alguns trechos de neve para serem cruzados. A primeira vista da Laguna Azul foi incrível, estávamos bem alto, ela apareceu lá embaixo próximo de um campo de lava e nos deu uma bela carga de motivação extra para querer chegar logo.
Começou a ventar forte e esfriar, era por volta das 17hs e conforme nos aproximávamos a escolha de ficar lá e não seguir, estava cada vez mais definida na nossa cabeça. Conseguimos ver 2 barracas e o local de acampamento era perfeito. E foi o que fizemos, chegamos na praia da Laguna Azul, olhamos um para o outro e nem foi preciso falar nada, com o olhar já fizemos a nossa escolha.
Chegando lá tivemos uma ótima surpresa de encontrar um brasileiro chamado Ricardo Feres, que estava há uns 4 meses já viajando pela Patagonia e fazendo todas a travessias existentes para depois produzir um livro de fotografia. E a maior coincidência foi que ele mora em São Sebastião, muito perto de nós. Sincronicidade!
Terceiro Dia 13/02/2020 | Laguna Azul – Laguna Las Avutardas
- Distância: 18,36km
- Duração: 7h40
- Ganho de elevação: 525m
- Elevação máxima: 1.839m
O dia amanheceu lindo, sem indícios que poderia chover, mas mesmo assim como sempre, fomos conseguir começar a caminhar apenas depois das 10h30. Com a Gabi tudo se torna mais demorado, não tem jeito.
Esse dia eu que iria carregar a Gabi. A Má queria ter a experiência de levar o Mochilão que tínhamos acabado de comprar para ela em Pucon. Era um modelo feminino da Deuter, de maior capacidade de carga, que compramos justamente para ser mais confortável para ela carregar nessa travessia, pois o plano era eu levar a Gabi sempre, mas como a mochila ficou extremante pesada e a trilha não era técnica, acabamos invertendo a estratégia. Seria um baita desafio para a Má! A mochila esse dia estava pesando uns 30kg.
A trilha já começa cruzando um campo de lava muito diferente, que é como uma floresta de rochas negras aflorando do solo e logo depois vem uma subida longa em que já é possível avistar o Vulcão Lanin ao fundo. A Gabi dormiu assim que começamos a caminhar.
Depois de umas 2 horas paramos em um pequeno vale no topo de uma colina para fazer um lanche. Essas paradas são sempre importante para a Gabi sair da mochila, brincar um pouco e comer. Seguimos a caminhada e chegamos em um dos trechos mais lindos da travessia, o vale desértico aonde se encontra a Laguna Branca.
Laguna Blanca
Para acessa la é só pegar um pequeno desvio de 1km. No mapa do CONAF é marcado como sendo um local indicado para acampar, só que na verdade não é, pois a água da Laguna é de uma cor branca acizentada (por isso o nome) e não é adequada para beber. Se for preciso acampar por essa região, fique próximo de um pequeno riacho alguns quilômetros antes.
Um pouco mais a frente comecei a perceber que a Marcela não estava muito bem. Andando muito lentamente e com uma aparência de estar bem cansada. De repente parece que a pilha acabou. Paramos para ela comer alguma coisa e decidimos que eu iria voltar a carregar o mochilão. Ela carregou por 3 horas e nas piores subidas e além disso estava menstruada e amamentando. Dá para imaginar o esforço que ela estava fazendo!?
Cratera El Fuentón
Seguimos subindo e começamos a contornar a Cratera El Fuentón (a foto de capa dessa matéria também) . Uma circunferência perfeita de um antigo vulcão. É um dos locais de destaque da travessia e que proporciona ângulos da paisagem perfeitos para fotografar.
Logo a frente cruzamos com dois guarda-parques á cavalo, com um cachorro (apesar de ser proibido no Parque Nacional) e mais duas pessoas. Iriam provavelmente fazer o trecho até o Sector Quetrupillan em 2 dias.
Cruzamos um pequeno trecho de neve, enchemos as garrafas e camelbak na água de degelo que vinha por baixo dessa neve e formava um pequeno córrego e partimos para o que seria a ultima longa e íngreme subida. A Má já estava novamente forte e alegre e subiu super bem com a Gabi. No topo dessa colina árida e pedregosa tivemos o prêmio da melhor vista até agora do Vulcão Lanin. Imponente, sendo o protagonista da paisagem colorida que a transição do terreno vulcânico com a floresta mais a baixo formava.
Descemos alguns metros e encostamos atras de uma rocha para amamentar a Gabi protegidos do vento gelado, e começamos a longa descida rumo a Laguna Las Avutardas. Desse local para frente existem muitos pontos de água e não é preciso se preocupar.
A descida foi tranquila e o pior trecho foi uma parte dentro da floresta em que o caminho era literalmente por onde a água da chuva corria pela encosta. Um grande vala com lama, galhos caídos e escorregadia.
Terreno alagado antes da laguna Praia da Laguna Avutardas
Entrando no charco já próximo da Laguna Avutardas a Má se deu conta que estava sem o gorro e os óculos. Estavam no bolso do anorak e provavelmente enroscou em algum galho e ela nem percebeu cair. Olhamos as fotos no celular para ver aonde ela aparecia com eles pela última vez e realmente tinha caído há pelo menos 1 hora atrás morro acima… Sem condição de voltar e buscar!
Chegamos na praia da Laguna Las Avutardas e era tão perfeito para acampar que todo o cansaço e chateação por ter perdido as coisas passou na hora. Lá estavam o brasileiro ricardo e mais umas 4 barracas, todas montadas próximas uma das outras. Como sempre somos os últimos a chegar, mas acabou sendo ótimo pois escolhemos o final da praia para montar nosso acampamento, bem ao lado de um riacho e há uns 100 metros de todos, ou seja, perfeito! Deu até para aproveitar o corpo ainda quente da caminhada e tomar um gelado banho de lago antes de preparar o jantar!
Quarto dia 14/02/2020 | Laguna Las Avutardas – Puesco CONAF
- Distância: 15,28km
- Duração: 5hs
- Ganho de elevação: 188m
- Elevação máxima: 1.473m
Acordamos cedo, tomamos café da manha, organizamos tudo e para variar fomos os últimos a deixar o acampamento da Laguna Las Avutardas. Saímos da praia por uma outra trilha que logo cruzou um pasto alagado cheio de vacas. Passamos com cuidado e lentamente e a Gabi ficou maravilhada com o tamanho delas. Apesar de ser um Parque Nacional, alguns moradores antigos ainda tem a permissão de continuar por lá.
Esse dia foi praticamente todo caminhando por bosques, passamos por muitos campos floridos maravilhosos. Flores amarelas (que acredito ser Astromélias) que cobriam o caminho por dezenas de metros. Apesar de não ser um trecho de visuais impactantes e monumentais, com vulcões e campos de lavas, é uma imersão nos bosques Patagônicos, com a beleza nos detalhes e atmosfera de filmes de conto fada.
Após chegar na placa de sinalização para o Vulcão Quinquilil a trilha se transforma em uma pequena estrada de terra, que dá acesso a algumas propriedades privadas que estão dentro da área do parque ainda. Então, dai para frente a trilha perde um pouco o encanto e o objetivo principal se transforma em chegar o quanto antes.
Continuamos descendo e alguns quilómetros a frente paramos para a última troca de fralda da Gabi na trilha. Tínhamos na verdade metade de uma fralda cortada, sempre levamos as fraldas dela praticamente contadas e dessa vez a Gabi teve que dividir, já que a Má improvisou absorventes com as fraldas porque não se atentou a data da trilha e estava despreparada (pensa o perrengue!). O jeito foi cortar algumas em duas, e no último dia só sobrou metade. Foi praticamente rezar para ela escolher fazer apenas xixi com essa metade de fralda!
Seguimos caminhando e chegamos no final oficial do Villarrica Traverse, que é um camping na beira da estrada que leva até a fronteira, com banheiros e que está sendo construído um restaurante. Quando pronto será um lugar bem legal para acampar, descansar após a travessia ou servir de base para a ascensão do Vulcão Quinquilil.
Mas para nós a travessia ainda não tinha terminado! Tínhamos que descer andando pela estrada até chegar na sede do CONAF em Puesco, onde o Nicolas tinha deixado o nosso carro e que ficava por volta de 4 a 5km ladeira a baixo. Não foi um “Grand Finale” andar por uma rodovia por todo esse tempo, mas de certa forma foi curioso. Os carros olhavam para nós, um casal meio “sujinhos”, com uma mochila monstruosa e um bebê nas costas, e provavelmente imaginavam que deveria ser uma família de hippies loucos que estavam chegando no Chile a pé. Bom… em parte eles até que não estavam tão errados assim! 😉
E por fim concluímos a primeira travessia na Patagonia com a Gabi, poucos dias após o aniversário dela de 1 ano. E sem dúvida o Villarrica Traverse foi um dos trekkings mais especiais que já fizemos!
Trilhas adicionais durante o Villarrica Traverse
Cume Vulcão Quetrupillan 2.382m
- Distância 7,5km ida e volta
- Duração 3-4hs
- Ganho de elevação: +-650 metros (iniciando da cota de altitude de 1750m)
Uma trilha adicional muito interessante para fazer no primeiro dia (da segunda parte da travessia) é subir para o cume do Vulcão Quetrupillan. Para isso o melhor jeito seria, seguir do local do nosso acampamento, deixar as coisas no desvio que leva até o cume, e subir sem nada, descer pegar tudo e seguir. Ou você pode também já acampar próximo desse desvio, que fica 1 hora para frente do lugar que dormimos.
As distancia e tempo de duração acima são estimadas, de acordo com analise do mapa. Todas as informações que encontrei sobre essa escalada contam a partir de outro local (12km ida e volta) e não pelo Villarrica Traverse.
Vulcão Quinquilil.
- Distância: 6 km (contada do desvio da placa indicativa na trilha)
- Duração: 2.3hs (somente ida)
- Ganho de elevação: 650m
Essa trilha pode ser uma extensão no quarto dia. É um desvio para subir o vulcão, que começa e termina durante o Villarrica Traverse. É possível também (e recomendável se você tiver tempo) acampar próximo do desvio e fazer a subida no dia seguinte e assim curtir mais o trekking. Até o mirador é uma trilha tecnicamente fácil. Porém para chegar no cume Colmillo del Diablo, existem alguns trechos de escalaminhada e escalada em rocha. No inverno é uma escalada clássica e técnica no gelo.