7º dia 31/12. San Pedro de Atacama
Depois de uma média de 10hs por dia dirigindo desde de São Paulo. Acordamos no sétimo dia em San Pedro de Atacama sem pressa e com o plano de visitar apenas lugares próximos. Esse era um dia para rodar pouco e relaxar. Tomamos café tranquilos e fomos nas Termas de Puritama. Um riacho de água termal, que corre dentro de um canyon à 3500 metros de altitude, perfeito para essa manhã mais zen. Foi bem legal, mas não conseguimos ficar mais que 40 minutos lá, no final das contas era difícil abaixar o nosso ritmo! 😉
Almoçamos e seguimos (eu de bike) para o Valle de la Luna, um local lindo próximo de San Pedro e que normalmente as pessoas vão para ver o pôr do sol.
Nos passamos tantos dias sem ver praticamente ninguém, que qualquer grupo de turista reunidos me fazia se sentir em um estádio de futebol. Visitamos a Caverna del Sal e o tempo que fiquei em fila indiana com todos que estavam lá para conhecer o local logo me fez perceber eu queria ver o pôr do sol em um lugar que só estivéssemos nós.
Saímos de lá e eu fui dirigindo até a cordilheira de Sal (bike na caçamba) e na parte mais alta, saí da estrada, liguei o 4×4 e fui me enfiando montanha a dentro. Conseguimos parar em um ponto exatamente na parte de cima do Valle de la Muerte (um canyon bem lindo também). Perfeito, só a gente, a vista dos vulcões de um lado o pôr do sol de outro e o canyon embaixo. Abrimos uma garrafa de prosecco e brindamos a virada do ano na cordilheira de sal, para não dar nenhum espaço para “uruca” em 2017! kkkkk
Voltamos para o hotel, tomamos um banho rápido e fomos jantar. Achamos um restaurante simples, que servia uma ceia com um menu fechado, comemos tranquilos e voltamos para o hotel, que era um pouco mais na periferia da cidade.
Deitamos em um banco e passamos a virada do ano olhando o céu estrelado do Atacama. E assim fechou 2016 para nós!
8º dia 01/01 San Pedro para San Antonio de los Cobres (Argentina)
Esse era o dia de começar a voltar. E o trajeto que escolhi essa vez, diferente do que a maioria das pessoas fazem, que é usar o Paso Jama (inclusive eu, na primeira viagem de carro que fiz para o Atacama, mas naquela época a estrada era de terra ainda), foi usar o Paso Sico, que era praticamente todo de terra. Seriam +- 650 km em umas 9:30hs. Queria conhecer um local diferente e seguir na mesma vibe da aventura que foi a Bolívia. E se esse era o objeto, eu realmente acertei… vocês vão perceber mais para frente.
A primeira parada que fizemos foi nas Lagunas Miscanti e Miniques. São lindas e foi a terceira vez que visitei essas lagoas. Não me canso de ir nesse lugar, são umas das minhas preferidas no Atacama.
A partir dessse techo, tudo seria novidade para mim, não saber que paisagem iria aparecer a cada curva me empolgava muito!
Andamos por algumas horas, em uma paisagem incrível e de repente vemos uma pick-up parada na estrada. Eu parei para ver se eles precisavam de ajuda.
Era um carro com 4 turistas Italianos e um motorista indo para Salta. Tinha furado um pneu e dos dois estepes que ele tinha, um estava travado no suporte e não soltava e o outro estava vazando. Fiquei um tempão ajudando, emprestei minha bomba para encher o pneu, tentei soltar o estepe quebrando a corrente com um machado que eu tinha, até que eles conseguiram chamar ajuda em San Pedro, através de um telefone via Satélite (sinal de celular esquece durante muitossss kilometros).
Seguimos viagem. A estrada ficava cada vez mais linda e realmente esse caminho era mais impressionante que o Paso Jama. Passamos por várias lagoas e Salares maravilhosos! E poucos kilometros antes de chegar na fronteira, começamos a escutar um barulho estranho… tinha furado um pneu, pqp. Comecei a me preparar para trocar, deitei embaixo do carro e escuto um barulho de carro se aproximando, eram os italianos com um carro de apoio!! Kkkk Quando me dei conta tinham umas 4 pessoas já me ajudando! Como foi bom essa ajuda, trocamos o pneu 10 vezes mais rápido do que eu faria sozinho. Fluxo de energia positivo gerado no momento que decidi parar para ajuda los, horas atrás!!
A gente tinha mais 200km de terra pela frente, sendo que todos diziam que só piorava. A tensão agora era seguir até lá sem estepe e conseguir chegar de dia, pois dirigir à noite ali nem pensar! Eu deveria ter levado outro! Sabia que era importante e arrisquei. Cagada! Mas agora não tinha o que fazer, tinha que seguir. Decidimos ir os dois carros juntos até onde dava, para assim, um ajudar o outro caso fosse preciso.
Seguimos juntos até a fronteira e eles se enrroscaram na documentação e nos seguimos tivemos que seguir. Percorremos mais 150km sozinhos e chegamos em San Antonio de los Cobres ao anoitecer.
9º dia 02/01 San Antonio de los Cobres para Saenz Penã (Chaco)
Acordamos bem cedo, e antes de tentar achar uma “gomeira” (borracharia), pois tudo abria às 10:00, fomos conhecer o Viaduto la Polvorilla, localizado à 4200 metros de atitude. É uma estrutura metálica da década de 50 aonde passa o Trem de las Nubens, que hoje em dia é uma ferrovia turística, que sai de Salta até Los Cobres, mas no século passado era a forma de levar os minérios até o porto de Antofagasta na costa chilena.
Tiramos algumas fotos e começamos a voltar para Los Cobres, quando comecei a escutar um barulho estranho. Parei, desci do carro, olhei tudo e não percebi nada… Continuamos descendo a estrada sinuosa de terra, beirando abismos, quando o barulho aumentou. Parei novamente e essa vez vi que estava faltando um parafuso na roda, e quando me dei conta percebi que todos estavam totalmente soltos! Ou seja, acho que mais uma curva a roda iria se soltar completamente! E perder uma roda naquela estrada poderia ser bem sério.
Arrumei a roda e voltamos para Los Cobres, mas chegando lá não consegui nenhum borracheiro e seguimos mesmo assim. A estrada de 160km até Salta era linda também e diferente do nos disseram na fronteira tinha uma boa parte asfaltada. Chegando lá consegui comprar um “neumatico” usado em uma borracharia na periferia e seguimos mais o dia todo até Saenz Penha. Esse foi um dia longo. Saímos de uma altitude de 4200 metros nos Andes e fomos para 300 metros no Chaco, mas no final deu tudo certo!
E ainda descobrimos que no dia seguinte, iríamos cruzar com o Rally Dakar! Exatamente no nosso caminho! Muita Sorte!
10º dia 03/01 – Saenz Penha para Cascavel.
Saímos pela manhã na expectativa de ver o Rally Dakar! E ele passou extamente na estrada que estávamos indo!
Esse dia tentamos esticar ao máximo e dirigimos 12hs direto até Cascavel.
11° dia 04/01 Cascavel para São Paulo
Esse foi um dia apenas de deslocamento. Chegamos em São Paulo às 19:30 depois de 12hs de viagem
Depois de rodar 7.130km em 11 dias, sendo que disto +- 1.500 km foi terra, finalizamos a viagem.
Foi a minha terceira vez para essa região, apesar de já ter visitado mais de 40 países, esse é sem dúvida é um dos meus locais mais lindos que já estive, principalmente o trecho da Bolívia. É uma imensidão sem fim, ainda pouco explorada e muito isolada. Percorrer essa região, lhe dá um pouco a sensação de estar chegando em um outro planeta.
Acessar e vivenciar tudo isso, realmente não é fácil, é uma viagem “bruta”, mas quem tiver disposição para lidar com isso, com certeza terá uma experiência para nunca mais sair da memória.
Vou escrever um próximo post com um resumo e dicas mais detalhadas de como viver essa experiência e acessar a Reserva Nacional de Fauna Andina Eduardo Avaroa na Bolívia por conta própria, sem usar excursões.
10 comentários
Rapaz, belíssimas fotos.
Estou indo de moto pela segunda vez para o Chile, Atacama agora. Mal posso conter minha ansiedade. Mas pelo que li em seu blog, a Bolívia ainda guarda paisagens mais bonitoas. Compartilhe!
Abraço.
Por favor, o trajeto de San Pedro hasta Salta por Paso Sico esta asfaltado?
Olá Mauro, não é todo asfaltado. Tem um trecho longo de terra. Por volta de 300km de terra acho. Já pelo passo Jama é 100% asfalto
Vamos agora dia 04 de setembro/2018. Ler esse post foi matavilhoso 👊🏼😉
Oi Débora! Que demais saber que ajudou! Estou agora no lago Titicaca e amanhã vou para La Paz. Vamos explicar mais uma vez a América do Sul. Essa vez serão 5 meses. Eu minha esposa e a Gabi (na barriga dela!) segue a gente no insta também que estamos postando varias dicas por lá. Abs!
Hello
Hi Steve, Do you need some informations?
Olá, por favor de San Pedro para San Antonio de los Cobres (Argentina), existe posto de gasolina no caminho, na postagem vc diz q são 650km e meu jimny tem autonomia de pouco mais de 400km, agradeço a informação
Olá Eduardo tudo bem? A partir de São Pedro a próxima cidade que tem alguma estrutura é Socaire, depois não tem nada até chegar em Los Cobres. Deve ser pelo menos uns 500km so com vilas muito pequenas. As vezes vc acha pessoas vendendo combustível mas não postos. De qualquer forma é super importante vc levar pelo menos 20l extras (recomendo levar 40L), se não tudo fica muito no limite e bem tenso. Um estepe extra também. Esse foi o trecho que eu precisei inclusive. Ah, eu vi um Jimmy nessa estrada 😉
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