Neste post, gostaria de falar sobre algo simples, mas não necessariamente fácil de se conseguir, que é transformar a suposta “trivialidade” em momentos mágicos. Conseguir criar momentos especiais de conexão com a natureza, com as situações que nos rodeiam o tempo todo, e resgatar novamente a beleza daquelas cenas que estava adormecidas para os seus olhos. Que nesse caso para mim foi visitar novamente a caverna Toca do Buraco do Bicho.
Frequento São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, desde os 2 anos de idade, especificamente a Praia de Barequeçaba. Minha família tem casa lá e posso dizer que conheço cada cantinho daquele lugar, tanto dentro como fora da água. Atualmente inclusive moro em Barequeçaba.
Em junho de 2016 recebi em casa um amigo belga que escalou comigo o Aconcágua. No dia do ataque ao cume, mantivemos o mesmo ritmo e atingimos o topo das Américas juntos. Situações intensas como essas criam um vínculo bem forte entre as pessoas e eu queria mostrar para ele os lugares que frequento e que contam um pouco a minha história.
Após dois dias em São Paulo, descemos para o litoral, rumo à Praia de Barequeçaba e Ilha Bela. Acordamos em um dia frio e chuvoso, muito atípico para o mês de junho, e a beleza tropical das praias ensolaradas que eu tinha imaginado mostrar, não iria dar as caras dessa forma.
Mas, no final das contas, a semana de junho mais chuvosa e fria dos últimos anos foi um presente para mim e talvez tenha sido para ele também. Essa situação me deixou com a sensibilidade altamente aguçada para buscar novamente beleza em lugares que os meus olhos já haviam se acostumado, lugares que eu frequento, mas que já não me encantavam como antes.
Recebi um presente: reciclei o meu olhar e ativei o meu coração para me conectar novamente com o que sempre esteve a minha volta. Reencontro de um pedaço de mim.
Um dos lugares que mais me surpreendeu nessa redescoberta, e que não lembrava mais o quão incrível era, foi a “Toca do buraco do Bicho“. Uma caverna que fica na beira da estrada Rio-Santos no trecho que passa pela Praia de Guaecá.
Toca do Buraco do Bicho e suas lendas
Existem várias lendas sobre essa gruta, o que torna ela ainda mais interessante! Essa é a mais tradicional:
“Existia na toca do bicho do Guaecá um terrível monstro marinho.
Quando passavam ao largo as naus e caravelas, saía o Monstro Serpente da toca e mergulhava no mar, onde atacava as embarcações e devorava os marinheiros.
Estando o Padre Anchieta a caminho de Ubatuba, a partir de Santos, onde iria tratar a paz com a Confederação dos Tamoios, resolveu desembarcar um pouco antes do Guaecá e seguir à pé.
Chegando na toca por ela foi entrando e diante do bicho rezou e lhe aspergiu água benta. O monstro se contorceu todo, saiu da toca fazendo terríveis barulhos e se jogou ao mar, onde vomitou os marinheiros e nunca mais apareceu, ficando o lugar em paz novamente.” (Pesm Núcleo São Sebastião)
Também existe outra sobre um padre que aparece pedindo carona em frente a gruta, no sentido de quem está indo para Barequeçaba, e logo depois do final da descida ele simplesmente desaparece do carro. Tem que chamar o Padre Quevedo para desvendar essa…
Dicas para conhecer a Toca do Buraco do Bicho
- Pare o carro no acostamento próximo da ponte que cruza um pequeno rio que deságua no mar (para quem vem sentido Santos-Sao Sebastião, passando a polícia rodoviária, mais uns 800 metros você chega na ponte. É logo antes de começar a subir). Esse local inclusive faz com que muitas pessoas passem pela estrada sem perceber a gruta pois o seu olhar naturalmente é atraído para o mar e a gruta passa desapercebida no lado oposto da estrada.
- Ela deve ter uns 15 metros no salão de entrada. No fundo existe uma pequena cavidade que é possível entrar se rastejando, não sei se continua… mas pode ser uma boa aventura pegar um capacete e headlamp e tentar descobrir…
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adorei as dicas 😉
Obrigado Michele!